Imagine se tudo o que você precisasse em sua vida - o local de trabalho, a escola das crianças, o mercado, a farmácia, o banco... - ficasse tão perto de sua casa que você não precisasse ter carro. Parece muito distante da realidade?
Mas isso não é impossível.
Na verdade, já acontece em outros lugares do mundo, como Freiburg, na Alemanha, apontada por estudiosos como a cidade mais sustentável do planeta. Foi esse o exemplo apresentado ontem pelo especialista alemão Steffen Ries, gerente da Academia de Inovação de Freiburg, no Fórum Agenda Bahia.
“Se as pessoas vivem sem um carro, temos o conceito de ‘walkable city’ (em inglês, ‘cidade caminhável’). A ideia é que as pessoas possam andar curtas distâncias e que tudo que é
Na verdade, já acontece em outros lugares do mundo, como Freiburg, na Alemanha, apontada por estudiosos como a cidade mais sustentável do planeta. Foi esse o exemplo apresentado ontem pelo especialista alemão Steffen Ries, gerente da Academia de Inovação de Freiburg, no Fórum Agenda Bahia.
“Se as pessoas vivem sem um carro, temos o conceito de ‘walkable city’ (em inglês, ‘cidade caminhável’). A ideia é que as pessoas possam andar curtas distâncias e que tudo que é
necessário para sua rotina diária esteja perto delas”, explicou Ries.
Bairro caminhável
Apesar de isso ser uma tendência em toda Freiburg, é no bairro de Vauban que o uso do carro é ainda mais raro. No local que já foi uma área militar na Segunda Guerra Mundial, hoje moram cerca de cinco mil pessoas. Os carros podem trafegar em Vauban, no entanto, quem tiver seu próprio automóvel não pode estacionar em frente a sua casa, por exemplo. O morador só tem autorização para comprar o carro se pagar R$ 70 mil por uma vaga de estacionamento.
“Isso acaba desestimulando as pessoas, porque o preço da vaga é praticamente o preço de um carro”. O resultado é uma comunidade que ocupa as ruas da cidade. “Lá, as ruas não pertencem aos carros. Elas pertencem às crianças, que podem brincar em segurança, porque sabem que não vai passar um carro daqui a um minuto. O próximo carro só vai passar daqui a uma hora. Por conta disso, as pessoas têm mais qualidade de vida, as ruas também são menos barulhentas e o ar é menos poluído”.
E se alguém quiser ir ao centro de Freiburg, é só pegar o trem: também dá para chegar a pé na estação, já que todo o bairro tem uma área aproximada de 2,5 km².
Longo prazo
Mas nada disso começou de uma hora para outra. Freiburg tem uma história de desenvolvimento sustentável que começou há cerca de 40 anos, quando sua população impediu a instalação de uma usina nuclear. “E ainda há muito a ser feito”, garantiu Ries.
Hoje, a maior parte da população usa bicicleta ou transporte público. No ano passado, segundo Steffen Ries, foram cerca de 75 mil viagens no sistema de transporte público em Freiburg - que tem 240 mil habitantes. Em Salvador, com pouco mais de 2,8 milhões de habitantes, foram 45 mil viagens. “É preciso tornar o transporte público em Salvador mais seguro, mais fácil e especialmente mais rápido, para que as pessoas cogitem usá-lo”.
Pontos caminháveis estimulam a competitividade
Seguir o caminho de casa para o trabalho – ou qualquer outro ponto de diversão ou desenvolvimento de atividade - sem precisar usar carro ou qualquer outro veículo de transporte público. Esse conceito de urbanismo chamado “caminhável” foi apresentado ontem, no Fórum Agenda Bahia, pelo presidente da Green Mobility, consultoria de projetos internacionais de mobilidade urbana e de desenvolvimento sustentável, Lincon Paiva.
Pesquisa realizada pela George Washington University, apresentada por Paiva, revela que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que têm maior índice de WalkUp.
Eles identificaram e estudaram 558 pontos caminháveis nos EUA – sendo 66 em Nova York. Estas áreas geralmente correspondem por 1% da área metropolitana, mas geram 48% da riqueza produzida. “Produzir áreas caminháveis e dentro das cidades significa desenvolvimento. O urbanismo caminhável trabalha em sinergia com o desenvolvimento”, ressalta.
Para Paiva, municípios como Salvador podem seguir os exemplos de outras cidades ao instituir esse tipo de urbanismo. Ele apresentou ainda o exemplo do município de Afuá , no noroeste da Ilha de Marajó, no estado do Pará, onde é proibido por lei ter carro e moto. A cidade tem 34 mil habitantes, sendo que sete mil vivem na zona urbana. “Na cidade o aeroporto, além de aviões, é usado para o futebol dos moradores. Ou seja, é possível ter numa cidade menos carros e mais interação com as pessoas. Isso tem uma relação direta”, destacou Paiva que também é professor da Universidade Federal do Paraná. Por Jorge Gauthier.
Exemplo paulista de integração através de cinco hidrovias
O estado de São Paulo tem sofrido com a falta de água para consumo ao acumular sucessivos recordes negativos. Mas pelas águas – mesmo que poluídas – surge uma possível solução para aumentar a produtividade e a conexão das 14 cidades da Grande São Paulo.
O projeto do Hidroanel Metropolitano de São Paulo, do Laboratório de Projeto do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, tem como diferencial a integração entre os sistemas rodoviário, hidroviário e ferroviário.
“Através por exemplo de barcos urbanos de carga e dos barcos elétricos será possível transportar 400 toneladas de dejetos a cada 30 minutos pelas hidrovias”, disse o professor Alexandre Delijaicov, que é um dos responsáveis pelo projeto, que é orçado em R$ 2 bilhões.
São Paulo tem cinco hidrovias urbanas com 170 quilômetros de vias navegáveis que, pelo projeto, terá uma rede integrada pelos rios Tietê e Pinheiros, e pelas represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando essas represas. O exemplo paulista, segundo Delijaicov, pode também ser empregado em outras cidades do país, inclusive na Bahia. “As hidrovias são importante alternativa para a navegação tanto de pessoas quanto de cargas”, explicou Delijaicov. Jorge Gauthier.
E se alguém quiser ir ao centro de Freiburg, é só pegar o trem: também dá para chegar a pé na estação, já que todo o bairro tem uma área aproximada de 2,5 km².
Longo prazo
Mas nada disso começou de uma hora para outra. Freiburg tem uma história de desenvolvimento sustentável que começou há cerca de 40 anos, quando sua população impediu a instalação de uma usina nuclear. “E ainda há muito a ser feito”, garantiu Ries.
Hoje, a maior parte da população usa bicicleta ou transporte público. No ano passado, segundo Steffen Ries, foram cerca de 75 mil viagens no sistema de transporte público em Freiburg - que tem 240 mil habitantes. Em Salvador, com pouco mais de 2,8 milhões de habitantes, foram 45 mil viagens. “É preciso tornar o transporte público em Salvador mais seguro, mais fácil e especialmente mais rápido, para que as pessoas cogitem usá-lo”.
Pontos caminháveis estimulam a competitividade
Seguir o caminho de casa para o trabalho – ou qualquer outro ponto de diversão ou desenvolvimento de atividade - sem precisar usar carro ou qualquer outro veículo de transporte público. Esse conceito de urbanismo chamado “caminhável” foi apresentado ontem, no Fórum Agenda Bahia, pelo presidente da Green Mobility, consultoria de projetos internacionais de mobilidade urbana e de desenvolvimento sustentável, Lincon Paiva.
Pesquisa realizada pela George Washington University, apresentada por Paiva, revela que as melhores cidades para viver nos EUA são aquelas que têm maior índice de WalkUp.
Eles identificaram e estudaram 558 pontos caminháveis nos EUA – sendo 66 em Nova York. Estas áreas geralmente correspondem por 1% da área metropolitana, mas geram 48% da riqueza produzida. “Produzir áreas caminháveis e dentro das cidades significa desenvolvimento. O urbanismo caminhável trabalha em sinergia com o desenvolvimento”, ressalta.
Para Paiva, municípios como Salvador podem seguir os exemplos de outras cidades ao instituir esse tipo de urbanismo. Ele apresentou ainda o exemplo do município de Afuá , no noroeste da Ilha de Marajó, no estado do Pará, onde é proibido por lei ter carro e moto. A cidade tem 34 mil habitantes, sendo que sete mil vivem na zona urbana. “Na cidade o aeroporto, além de aviões, é usado para o futebol dos moradores. Ou seja, é possível ter numa cidade menos carros e mais interação com as pessoas. Isso tem uma relação direta”, destacou Paiva que também é professor da Universidade Federal do Paraná. Por Jorge Gauthier.
Exemplo paulista de integração através de cinco hidrovias
O estado de São Paulo tem sofrido com a falta de água para consumo ao acumular sucessivos recordes negativos. Mas pelas águas – mesmo que poluídas – surge uma possível solução para aumentar a produtividade e a conexão das 14 cidades da Grande São Paulo.
O projeto do Hidroanel Metropolitano de São Paulo, do Laboratório de Projeto do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, tem como diferencial a integração entre os sistemas rodoviário, hidroviário e ferroviário.
“Através por exemplo de barcos urbanos de carga e dos barcos elétricos será possível transportar 400 toneladas de dejetos a cada 30 minutos pelas hidrovias”, disse o professor Alexandre Delijaicov, que é um dos responsáveis pelo projeto, que é orçado em R$ 2 bilhões.
São Paulo tem cinco hidrovias urbanas com 170 quilômetros de vias navegáveis que, pelo projeto, terá uma rede integrada pelos rios Tietê e Pinheiros, e pelas represas Billings e Taiaçupeba, além de um canal artificial ligando essas represas. O exemplo paulista, segundo Delijaicov, pode também ser empregado em outras cidades do país, inclusive na Bahia. “As hidrovias são importante alternativa para a navegação tanto de pessoas quanto de cargas”, explicou Delijaicov. Jorge Gauthier.
via Barreiras Notícias
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