quarta-feira, 19 de agosto de 2015

APÓS DEMISSÕES, TRECHOS DA FIOL TÊM CARACTERÍSTICAS DE ABANDONO NA BAHIA.

Entre os município de Barra do Rocha e Ilhéus, no sul da Bahia, as obras da Ferrovia Oeste-Leste estão em estado de quase abandono. O trecho compõe o Lote 1 da construção, que conta com quatro frentes de serviço, localizadas nas cidades de Gongogi, Aurelino Leal, Ubaitaba e em Itagibá. Em todos esses lugares, a imagem é de obra parada ou tocada em ritmo muito lento. 


Em Ubaitaba, todo o material necessário para a construção, como as britas usadas como base para a ferrovia e os dormentes de concreto - que são as peças sobre as quais são colocados os trilhos - estão ao longo da estrada onde ocorre a construção. Sem trabalhadores, os animais pastando compõem o cenário de quase abandono. Hoje, segundo a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A, empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, responsável pelo empreendimento, existem 450 pessoas trabalhando no Lote. 

Isso é metade do que tinha no início do ano. Outros 450 trabalhadores foram demitidos, segundo a Valec, por causa da redução dos repasses do Governo Federal, por conta da crise financeira no país. Pelas contas do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial da Bahia (Sintepav), o número de demissões este ano é bem maior que o anunciado pela Valec. Estaria em cerca de 900 trabalhadores demitidos desde janeiro. 

A situação preocupa Paulo Sérgio e os colegas de trabalho dele, que estão construindo um dos viadutos por onde o trem vai passar. Ele é ajudante prático e teme que uma hora a maré de demissões atinja o restante dos trabalhadores. "Nós temos filhos em casa, esposa e a gente precisa levar o pão de cada dia para casa", conta. Para o diretor do Sintepav, a prioridade agora é garantir que os pagamentos sejam regularizados e os empregos mantidos. "A presidência do sindicato tem se mostrado preocupada com essa situação e tem, buscado direto a presidência da Valec para que essa obra seja destravada na liberação de recursos para pagamentos dos trabalhadores e que assim a gente tenha a garantia dos empregos e a garantia da continuidade dessa obra", afima Valdeli Rosa. 

Na região sudoeste, a construção da ferrovia Oeste-Leste está parada há uma semana. Todo o maquinário e material utilizados na obra estão parados no terreno. Cerca de 800 trabalhadores foram demitidos. Os quase 200 que ficaram estão há quatro meses sem receber salários e protestaram na porta da empresa. O caso foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho. Em nota, a Valec, empresa de engenharia ligada ao Ministério dos Transportes e que coordena as obras da ferrovia, confirmou o corte de gastos do governo por causa da atual crise financeira, o que afetou o andamento das obras e o pagamento dos funcionários. A Valec diz ainda que o governo está trabalhando para regularizar a situação, mas não deu prazos.

Ferrovia - A Ferrovia de Integração Oeste - Leste (FIOL) representa, com aproximadamente 1.500 quilômetros (de Figueirópolis, no Tocantins, até Ilhéus, na Bahia), a integração de longa distância que interligará por trilhos as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Os custos da obra estão orçados em R$ 850 milhões. A ferrovia tem pretensões de exportação, ao interligar o Norte (Tocantins e Maranhão), o Centro (Goiás) e o Nordeste (Bahia), no município de Ilhéus. Quando concluída, deve reduzir os custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados ao mercado externo. Quanto ao mercado interno, detalha a Valec, a ferrovia deve provocar estímulos, à medida que oferecerá custos menores para as trocas dos produtos regionais. Iniciada em 2011, o cronograma de conclusão é dezembro de 2015.

 Segundo a empresa, a principal finalidade é transportar minérios de ferro a partir de Caetité, cidade onde fica a Bahia Mineração. O minério deve ser levado ao Porto Sul, que é construído perto de Ilhéus. O investimento federal foi de R$ 4,2 bilhões entre 2010 e 2014; e de R$ 33 milhões, pós-2014, para o trecho Ilhéus-Caetité-Barreira, na Bahia. 

G1

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